Das mais
arcaicas formas de medição do amor.
Dos mais
renomados laboratórios de pesquisas científicas sentimentais.
Nas mais
enfurecidas discussões de casal, onde o cerne da questão é a quantidade.
Nos copos de
cerveja mais ou menos amarga, molhando a garganta que seca na tentativa de
dizer alcoolizado sobre o que se sente.
Das mais
equivocadas poesias aos mais bordados e melosos poemas que configuram respiros,
suspiros e batimentos cardíacos para ritmar o que se sentem quando se diz que
se ama.
Dos milhares
de luares que inspiraram serenatas, às vezes derramando o melhor agradecimento
sobre o que o outro oferecia, às vezes derramando baldes d’água.
Nas mais
chuvosas noites na beira das lareiras, em poltronas e livros que discutem o
próprio ser ou não ser.
Nos milhares
de bem-me-quer malmequer que acabaram com a beleza de tantas flores
nefastamente arrancadas de seus jardins, apenas para descarta-las num jogo de
respostas sem resposta.
Das músicas
que, estridentes, espantaram as borboletas adormecidas no estômago e as mantiveram
voando sem rumo por horas lá dentro.
Dos anos que
acrescentam dúvidas e daqueles que as esclarecem, trazendo conforto ou incômodo
quando se pensa naquele alguém.
Da caderneta
que se anotava o número, ao número que é anotado mentalmente quando se fala
apenas um nome.
Do presente
esquecido, da data especial que não volta e da viagem que foi um fiasco.
Nas ressacas
depois de um término, e nas taças e brindes de um retorno.
Das promessas
que nunca se cumpriram e por isso se chamam promessas, para serem almejadas
como uma possibilidade inalcançável, já que o gozo está no idealismo que gira
em torno da possibilidade da realização e não na realização em si.
Dos e-mails,
sms, posts, inbox, ligações, recados, post it.
Das pessoas
que se envolvem sem o menor controle e se descontrolam ainda mais quando
percebem que estão incontroláveis.
De tudo que foi
e que será no que se foi. E que talvez um dia volte, mas será numa outra forma
de ser, pois nada quando se repete, repete-se exatamente da mesma forma, e é
nisso que está o amor: no novo que ele sempre revela.
Porque o
amor, ah o amor!
Tudo isso
pra gente entender – e não entende – de uma vez por todas que ele é
incomensurável.