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Entre as muitas idas e vindas, em meio às infinitas rotações ou voltas da vida - junto ao movimento rotatório da Terra - sempre nos esbarramos com a sensação de imutabilidade. Sensação de que não acontecem mudanças em nossas vidas a um bom tempo. Mudanças necessárias para que a vontade de viver se renove em pequenos intervalos, tal qual a alegria pelo novo somada à ansiedade frente ao desconhecido.
E talvez seja a rotina casa-trabalho, casa-faculdade, ou casa-trabalho-faculdade, etc. que nos coloque nesse entendimento de órbita, ou seja, nessa rotina previsível de certezas cristalizadas.
Vivendo nesse marasmo cotidiano, ou por mais movimentado que seja nosso dia, ainda sim todas as ações estão pré-estabelecidas por uma necessidade subjetiva individual ou coletiva, ou pelo próprio desenvolvimento automatizado dos gestos, em função dessas necessidades.
Mesmo que os finais de semana sejam fartos de atividades diurnas ou noturnas, não há realmente nenhuma novidade, visto que sair da rotina virou rotina. A sensação de “congelamento” da vida é tamanha, que não conseguimos sequer movimentarmo-nos para quaisquer mudanças. Sentimo-nos “engessados” e presos em nossa capacidade física e, procuramos em nossa mente, justificativas para nosso estado atual, numa compensação involuntária de todo um caos interior - porém contido, que estamos vivendo - prestes a explodir a qualquer momento, numa espécie de “Big Bang”.
Não é que não tenhamos vontade de mudar, mas simplesmente nos entregamos à mesmice por comodismo/medo de movimentar, mudando pensamentos, valores, vontades e substituindo velhos hábitos e crenças por novas atitudes sensatas de situações avaliadas com cautela.
Mas entender a mudança apenas no sentido amplo, de uma reviravolta mais ou menos do tipo ganhar na loteria, é ignorar as sutilezas que a vida apresenta. São pequenas modificações diárias que após um período de tempo mais longo provocam resultados de proporções realmente significativas.
“Água mole em pedra dura, tanto bate até que fura”. E a ação de furar por de ser entendida aqui como capaz de gerar uma piscina natural de água mineral e límpida - onde há milhões de anos havia apenas uma rocha - e que virou um parque, freqüentado por muitos turistas, e graças a toda essa mudança sutil da natureza somada à ação humana, agora emprega várias pessoas que antes não tinham uma renda fixa: o guia local que outrora vivia da pesca e do plantio, sua esposa que só ficava em casa e hoje vende seu artesanato na loja do parque, etc.
Mudanças radicais nem sempre são as melhores alternativas, primeiro porque podemos não estar preparados para o impacto do totalmente novo, e segundo porque, mesmo necessitando de grandes movimentações, dentro de cada um existem aspectos que podem ser reaproveitados nesse novo estado do ser - e não podem ser descartados como obsoletos ou ruins - mas atribuindo novos significados/usos, nada se perde, tudo se renova.
Vamos aproveitar esses últimas dias de 2009 para colocar no papel tudo aquilo que queremos mudar, re-trabalhar ou reorganizar em nós e em nossas vidas. Encontrar dentro do mais íntimo, a força que sempre tivemos e que abdicamos em algum momento, mas que, durante esse tempo em que esteve adormecida, despertará com um acúmulo de energia capaz de impulsionar outra vez nossas turbinas - de energia eólica, claro -, se estamos trabalhando a mudança, vamos mudar para melhor, para aquilo que cause o menor impacto negativo possível.
Bons Fluídos em 2010!