E de agora
em diante vai ser assim durante um tempo que não consegui medir, nem prever,
nem sequer calcular mesmo colocando todas as probabilidades de coisas que a
vida poderia fazer e o universo conspirar para que esse período tivesse data
marcada.
Mas não tem,
que saco (pra não dizer porra ou puta que pariu). Não tem um mísero manual de
comportamento sobre como lidar com os “entre momentos”, a não ser o do amigo
que tenta ofegante, em 12 voltas na praça à noite, mostrar que há sempre dois
caminhos e que um não necessariamente extingue o outro, apenas vão a direções
opostas, até em determinado momento se cruzar novamente para o entroncamento ou
a confluência rápida.
Então dona
vida, já está escrito que muita coisa acontecerá. Coisas que talvez não quisesse
imaginar, mas que consigo fingir não existir nos momentos em que estarei em
público ou publicando. Não preciso demonstrar a fragilidade que todos nós temos
e que vem no DNA humano. Todos já sabem, para quê deixar explícito?
Comecei a
notar que o relógio e todos os do mundo se uniram para passar devagar. Desconfio
que o Sr. Tempo, não sei porquê cargas d’água, não vai com a minha cara
solitária, ou ele é do tipo que só marca as horas no ritmo do compasso do
coração que bate coreografado. E o meu agora bate, ou pelo menos eu acho que ainda
bate. Se bem que não o ouço faz um tempo e parece que agora então ele nem está
aqui dentro... enfim, se ele bate, agora bate em novos passos que são
inventados em tempo real (vez ou outra em conflito com os passos do desespero
angustiante em 1, 2, medo, 3, 4, medo e gira para a esquerda). É a dança da
vida que acontece sem nenhum ensaio e por isso, tantos tropeços, tornozelos
torcidos, joelhos ralados e dores de cabeça em viradas sucessivas.
Dois pra lá,
dois pra cá, dois pra lá, dois pra cá, até o cansaço tomar conta e alguém
decidir parar de dançar. Apertaram o “stop” do som que outrora trouxe a emoção
do encontro e da condução dos corpos soltos no palco do amor. Nem na ponta dos
pés mais para tentar o equilíbrio, fica apenas o barulho dos passos que ao
longe ainda marcam a caminhada em direções opostas e os suspiros da fadiga, da
exaustação e perda de fôlego por tanta dedicação na tentativa de jamais errar.
Sem ritmo,
sem tempo marcado, sem contagem de passos, lá vamos nós dançando com a vida,
entregue às suas loucas coreografias desajeitadas, meio lerdos sem entender
muito bem se é para conduzirmos ou apenas tentar imitar os passos que ela vai
desenhando à frente.