quinta-feira, 15 de abril de 2010

Nem sempre, mas às vezes...

Ás vezes a gente simplesmente não tem como agir. Tenta, pensa, planeja, mas não há o que fazer. É como ganhar um presente que você não gostou e aquela pessoa não mencionou a loja onde o comprou e claro, você jamais conseguirá trocá-lo.

Ás vezes a gente acorda com saudade do beijo na boca. Não de qualquer beijo na boca, mas daquele beijo na boca que na hora você apenas se deixou levar, mas dias depois se vê sentado na cama, recostado na cabeceira, olhando para a parede e pensando no quanto foi marcante.

Ás vezes a gente chora com aquela música que você já ouviu milhões de vezes, mas que a partir de um momento especial, passou a ser especial e agora, toca mais em você do que no mp3.

Ás vezes a gente passa a noite implorando ao cérebro que não apague da memória aquele cheirinho da nuca de alguém numa manhã depois de uma noite de “conchinha”, no frio do início do outono.

Ás vezes a gente quer parar o tempo. Simplesmente congelar o mundo para poder colocar a vida no lugar outra vez – se é que ela já esteve nele algum dia, mas a gente se engana afirmando que no passado tudo era diferente.

Ás vezes a gente quer sentir a água corrente gelada nos pés. E a brisa que sopra de uma maneira diferente e faz o ar penetrar mais frio nos pulmões;

Ás vezes a gente sente falta do amanhã que nunca vem. Daqueles planos que ainda são apenas planos, mas que esperamos ser realidade “quando Deus der bom tempo”.

Ás vezes a vontade mesmo é gritar, forte, alto, esperando que aquela dor “filha da puta” agarrada lá no fundo da alma saia de uma vez, como quando assoamos o nariz e sai aquela meleca enorme.

Ás vezes da vontade de não viver mais. Cansa né?

Ás vezes a gente acorda triste porque não tem poderes mágicos. Porque lâmpadas com gênios não existem e máquinas do tempo ainda não foram inventadas.

Ás vezes a gente senta a tarde olhando para algum lugar sem ver nada. Porque estamos olhando para dentro de nossa própria mente, tentando enxergar um caminho para um objetivo.

Ás vezes a gente dá uma pirada e diz para todo mundo que vai recomeçar a vida. Mudar! Faz um milhão de promessas de mudança de vida e no meio da semana já não está dando mais conta dessa palhaçada toda.

Ás vezes a gente se sente perdido. Sabe de vários caminhos, mas não sabe qual deles percorrer, pois todos levam a lugares diferentes e o que leva realmente onde você quer ir você sabe que pode ser algum deles ou nenhum.

Ás vezes a gente quer uma borracha e um lápis. Daí a gente apagaria tudo aquilo que foi mal escrito segundo nossas verdades e reescreveria da nossa maneira. Rabiscando, tentando desenhar, colorindo.

Ás vezes a gente sente vontade de ir. Imaginar que existe uma linha reta a ser percorrida e sair como se não tivesse passado ou futuro, mas apenas um infinito que não define temporalidade.

Ás vezes a gente não quer seguir nada. Quer ficar parado quietinho, shiiiiii! Fale baixo.

Ás vezes a gente dorme com os olhos inchados de tanto chorar. Uma noite você chora por um motivo, outra noite chora sem motivos – mentira, todas as noites tem motivos, mas nem sempre você admite para você mesmo, muito menos para os outros.

Ás vezes a gente não quer. A gente não quer e pronto. Não precisa de motivos, nem justificativas. A gente simplesmente não quer. E nesses momentos em que não queremos, seja o que for, ainda sim, queremos algo, que o mundo se afaste até que tudo se ajeite dentro de nós, para que possamos querer - como algumas vezes a gente quer - o abraço apertado de retorno ao mundo real.

Nenhum comentário:

Postar um comentário