Certa vez alguém disse essa frase tão citada por muitos, principalmente quando vemos alguém que nunca foi um ser humano bom, passando por uma situação ruim: “Você colhe aquilo que você planta”; nada mais óbvio não é? É fato afirmar que, quem planta repolho jamais colherá alcachofra. Como é fato afirmar também que planta mulher melancia jamais colherá Clarice Lispector, Freud, Beethoven, etc.
E observando os agricultores da nossa enorme fazenda Terra, nos deparamos com três tipos distintos de profissionais desse agronegócio da vida: os da Colheita Feliz, os Orgânicos e os Tecnológicos – estes subdividindo-se em Tecno-Capitalistas e Tecno-Pensadores.
A Colheita Feliz é aquela forma de vida à qual, bilhões de pessoas vivem: um jogo bobo, cujas estratégias já foram estabelecidas e não permitem modificações subjetivas. Você planta o que é mais barato e fácil, e rouba aquilo que é mais caro e difícil: conhecimento, direitos autorais, idéias, etc. tudo em função de um único objetivo – tornar-se o maior e mais rico fazendeiro, e que isso não dependa muito do seu esforço e trabalho, mas usando de esperteza e meios escusos, você vai construindo um império de “nada”, pois quando desliga o computador descobre que é tudo virtual. Tsc Tsc.
Os orgânicos são os que utilizam os velhos métodos de cultivo de conhecimento, sem agrotóxicos ou bio- tecnologias de modificações genéticas. Gostam de adubar sua mente com fertilizantes naturais, utilizando a boa literatura, boa música e artes de vanguarda para ao longo da vida obter uma colheita saudável. Recusam-se a enveredar-se pelos métodos contemporâneos de tecnologias para plantio como Rem Koolhaas ou Jenny Holzer – Do subgrupo dos Tecno-Pensadores -, mas conseguem direcionar a originalidade de seus métodos de vida férteis, baseados nesse modo tradicional de cultivo, porém obtendo os frutos de uma vida totalmente diferente da Colheita Feliz.
Já os Tecno-Capitalistas, esses são muito parecidos com o grupinho da Colheita Feliz em seus objetivos – dominar o mundo do agronegócio, obtendo o maior lucro possível. Porém trabalham com pesquisas científicas e utilizam a tecnologia a favor do desenvolvimento de plantas com grande capacidade de crescimento em um curto espaço de tempo. Geralmente replicam as coisas infinitamente para que alcance a o maior número de pessoas – não que isso seja bondade – pois na verdade estão pensando nos lucros de uma mega venda e não nos problemas acarretados pelas modificações genéticas de idéias de outros.
Por último, os Tecno-Pensadores, trabalham com a tecnologia a favor de suas plantações, gerando plantas resistentes a pragas e às intempéries, e buscando cruzamentos que permitam que em um pé de repolho, por exemplo, nasça uma alcachofra com gosto de sushi. Eles, como todos os humanos, dependem do dinheiro par a continuar suas pesquisas, porém não fazem dele o foco de suas vidas e por isso conseguem trabalhar um método de vida diferente. E é claro, dedicam grande parte do tempo nessas experimentações de espécies.
Cada um é livre para escolher o que plantar ao longo de toda sua vida, porém, certas escolhas sem o rodízio de culturas, acarreta em um curto período de tempo num desgaste e empobrecimento do solo, tornando-o infértil e morto.
Saibamos respeitar nossas próprias terras e cuidemos para que não tenhamos uma safra de joio e não de trigo. E que esse trigo seja distribuído e não permaneça ensacado em galpões eternos.
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