quinta-feira, 6 de maio de 2010

Toda Mente é Fértil, Mas a Maioria Não Planta Nada de Bom

Certa vez alguém disse essa frase tão citada por muitos, principalmente quando vemos alguém que nunca foi um ser humano bom, passando por uma situação ruim: “Você colhe aquilo que você planta”; nada mais óbvio não é? É fato afirmar que, quem planta repolho jamais colherá alcachofra. Como é fato afirmar também que planta mulher melancia jamais colherá Clarice Lispector, Freud, Beethoven, etc.

E observando os agricultores da nossa enorme fazenda Terra, nos deparamos com três tipos distintos de profissionais desse agronegócio da vida: os da Colheita Feliz, os Orgânicos e os Tecnológicos – estes subdividindo-se em Tecno-Capitalistas e Tecno-Pensadores.

A Colheita Feliz é aquela forma de vida à qual, bilhões de pessoas vivem: um jogo bobo, cujas estratégias já foram estabelecidas e não permitem modificações subjetivas. Você planta o que é mais barato e fácil, e rouba aquilo que é mais caro e difícil: conhecimento, direitos autorais, idéias, etc. tudo em função de um único objetivo – tornar-se o maior e mais rico fazendeiro, e que isso não dependa muito do seu esforço e trabalho, mas usando de esperteza e meios escusos, você vai construindo um império de “nada”, pois quando desliga o computador descobre que é tudo virtual. Tsc Tsc.

Os orgânicos são os que utilizam os velhos métodos de cultivo de conhecimento, sem agrotóxicos ou bio- tecnologias de modificações genéticas. Gostam de adubar sua mente com fertilizantes naturais, utilizando a boa literatura, boa música e artes de vanguarda para ao longo da vida obter uma colheita saudável. Recusam-se a enveredar-se pelos métodos contemporâneos de tecnologias para plantio como Rem Koolhaas ou Jenny Holzer – Do subgrupo dos Tecno-Pensadores -, mas conseguem direcionar a originalidade de seus métodos de vida férteis, baseados nesse modo tradicional de cultivo, porém obtendo os frutos de uma vida totalmente diferente da Colheita Feliz.

Já os Tecno-Capitalistas, esses são muito parecidos com o grupinho da Colheita Feliz em seus objetivos – dominar o mundo do agronegócio, obtendo o maior lucro possível. Porém trabalham com pesquisas científicas e utilizam a tecnologia a favor do desenvolvimento de plantas com grande capacidade de crescimento em um curto espaço de tempo. Geralmente replicam as coisas infinitamente para que alcance a o maior número de pessoas – não que isso seja bondade – pois na verdade estão pensando nos lucros de uma mega venda e não nos problemas acarretados pelas modificações genéticas de idéias de outros.

Por último, os Tecno-Pensadores, trabalham com a tecnologia a favor de suas plantações, gerando plantas resistentes a pragas e às intempéries, e buscando cruzamentos que permitam que em um pé de repolho, por exemplo, nasça uma alcachofra com gosto de sushi. Eles, como todos os humanos, dependem do dinheiro par a continuar suas pesquisas, porém não fazem dele o foco de suas vidas e por isso conseguem trabalhar um método de vida diferente. E é claro, dedicam grande parte do tempo nessas experimentações de espécies.

Cada um é livre para escolher o que plantar ao longo de toda sua vida, porém, certas escolhas sem o rodízio de culturas, acarreta em um curto período de tempo num desgaste e empobrecimento do solo, tornando-o infértil e morto.

Saibamos respeitar nossas próprias terras e cuidemos para que não tenhamos uma safra de joio e não de trigo. E que esse trigo seja distribuído e não permaneça ensacado em galpões eternos.

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