Vamos imaginar que vivemos em um cubo negro, ao qual estamos cercados pela ausência de luz que possibilite a visibilidade do que há ao redor. Sabemos apenas que estamos inseridos nesse cubo, mas não sabemos suas proporções.
Nesse cubo, estamos solitários, apenas munidos de nossos próprios questionamentos acerca de tudo: do cubo, de nós mesmos, do porque estarmos nesse cubo, etc., etc.
Você consegue ver-se no meio da “escuridão cúbica”, não como em um espelho, apenas consegue ver aquilo que seus olhos vêem habitualmente, ou seja, partes do seu próprio corpo.
Toda vez que fecha os olhos, sua mente visualiza uma luz branca e forte, ela tem um brilho oscilante que parecer vir em sua direção. Você abre os olhos e ela some, deixando-o outra vez no vazio negro do cubo.
O que fazer?
Você não sabe o porquê de muita coisa, a maioria delas estão sem respostas, o que te leva a ficar ali parado pensando em como reagir diante do nada, pois não vê sentido em fazer qualquer coisa num lugar onde não encontrou significado para sua existência nesse lugar.
Confuso? Talvez... É um cubo, ou seja, tem um fim, qualquer dos quatro lados indicarão um fim palpável, incerto numa localização temporal ou métrica, ou seja, você não sabe quando irá encontrar o fim, mas é certo que ele exista. Logo, essa informação já te tira um pouco de vazio e aquela luz começa a piscar ao longe, agora fora da mente.
Sabendo que o cubo é formado por seis lados, você consegue entender que está apoiando-se em algo, você tem um chão, algo firme por onde caminhar. Mesmo sabendo que esse chão pode apresentar fendas, buracos, falhas – o que por hora não passam de hipóteses -, você ainda sim sabe que é um chão, e que indiscutivelmente conduzirá a quatro dos seis lados do cubo. Isso desvenda mais um mistério: você tem um fim e um caminho que te conduzirá a ele.
Ainda não se sabe o porquê de andar, mas sabe que melhor do que ficar parado especulando possibilidades, seria viver e experienciar o desconhecido para achar fundamento nas idéias malucas que você sempre desenha na mente. Isso aumenta um pouco mais o ponto de luz, não ilumina o caminho de forma que tudo fique nítido, mas abre uma possibilidade de esperança naquilo que você acha que pode ser uma verdade nesse vazio todo.
Você ainda se vê diante do maior porquê de todos: o que é que estou fazendo aqui? Mas, sua pergunta não foi e talvez jamais seja respondida, então só lhe restam duas opções: ou transitar pela escuridão cúbica em busca de respostas e/ou em busca de apenas viver as experiências que esse espaço/tempo pode te proporcionar, ou pode simplesmente ficar parado.
Porém, se você escolhe desbravar o negro denso que está ao redor, é possível que o pequeno ponto de luz ao longe, vá aos poucos, tornando-se maior. Não podemos dizer que ele ficará grande o suficiente para tornar nítido todo o espaço, mas sabe-se que quanto mais você caminha, mais ele cresce, então, melhor seguir sem parar para que a visibilidade aumente.
Acredito que esse cubo de proporções desconhecidas se adéqüe a uma das duas escolhas acima e assume proporções imagináveis. Por exemplo, alguém que escolha ficar parado, o cubo provavelmente toma as proporções apenas do lugar onde a pessoa se encontra, visto que ela não se estende para o vazio, é como se estivesse presa numa caixa escura, da qual jamais se imagina sair. Aquele porém que sai andando pela imensidão, este não consegue tocar as paredes do cubo com facilidade, e nem sequer consegue medir suas proporções, pois quanto mais caminha, mais tem para caminhar. E se já caminhou muito, significa que o fim pode estar próximo. Mas como é impossível ter a noção exata de localização de quaisquer das paredes que cercam esse cubo, então o fim é sempre uma hipótese de alguém que sente medo do desconhecido, mas não se deixa paralisar por ele. Esse mesmo alguém, movido por uma vontade de descobrir o desconhecido, apenas vive, ao invés de ficar parado por não saber o sentido de viver.
Estamos dentro do cubo, eis a vida!
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