quarta-feira, 7 de julho de 2010

Assassino e Vítima no Xadrez

Todo jogo de tabuleiro é sempre muito bom. E é melhor ainda aqueles games em que muitas pessoas jogam ao mesmo tempo, pois além da emoção dos inúmeros rolar de dados, existe a competitividade que movimenta a grupo inteiro.

No entanto, em contrapartida a esse frenesi coletivo baseado na simples diversão da jogatina, encontram-se alguns jogadores que vez ou outra de forma discreta roubam algumas notas de $100 do Banco Imobiliário ou mesmo tentam burlar o pagamento de algum aluguel ou hotel, aproveitando o alarde de algum leilão de propriedades.

E são exatamente esses “ladrões” de notas que nunca vão presos, visto que sempre pulam aquela casa “Vá para a Prisão” ou dão um jeitinho de possuir o cartão “Saída Livre da Prisão”, e tentam sempre que podem, entrar numa disputa em que a capacidade de controle sobre os demais jogadores seja suficiente para que vá reescrevendo suas vitórias corruptas.

E como algumas coisas entram num círculo vicioso, ou como diria a frase “uma vez ladrão, ladrão até morrer”, quem rouba do banco, rouba em Imagem e Ação, rouba no Detetive e aproveita as oportunidades que tem para entrar na disputa do Jogo da Vida.

E já que para esses ratos de tabuleiro obter a vitória é preciso estar sob uma posição de destaque e numa disputa em que se tenha o mínimo de jogadores opostos e o máximo de peças manipuláveis, é provável que dos jogos de tabuleiro, o “Xadrez” seja o que melhor explique suas reais intenções.

Para quem não sabe, Xadrez é jogado por dois jogadores: A vítima e o Assassino, um jogador com peças brancas e o outro com as pretas. O assassino geralmente manipula as peças pretas, ele é a Dama , também conhecida pelos amadores por Rainha: é a peça mais poderosa do jogo de xadrez. Por ter um raio de ação muito grande a Rainha pode mover-se em quase todas as direções, semelhante aos movimentos do rei, com a diferença de poder mover quantas casas desejar.

Essas Rainhas do Xadrez podem ser homens ou mulheres que se escondem sobre as Torres do jogo –dispostas ao fundo do tabuleiro - já que podendo ser usadas como arma de guerra, são escaladas para observar com segurança o melhor momento para uma investida contra o inimigo.

Tal capacidade de articulação faz com que essas peças “reais” utilizem os Cavalos - mais bem treinados soldados da guarda real – para saltar sobre os Peões – que nada mais são que os soldados do rei, tendo por objetivo sua promoção ou defesa.

E comendo um por um, calmamente, pensando antes de qualquer movimento, agindo por intermédio de discursos bem articulados e estratégias de guerra encantadoras, a Rainha vai abrindo caminho pelo tabuleiro, e chega muitas vezes a conquistar até os Bispos – que representam o sagrado.

Cada peça se deixa enganar, cada peça se vê seduzida pela “superioridade” da nobreza daquela que se impôs como capaz de conquistar o almejado poder – em doses de sutis ameaças e movimentos lentos.

E mesmo parecendo impossível que ela encontre o Rei - o objetivo do jogo é prendê-lo – e em um momento de triunfo diga “Xeque Mate” num tom de voz quase cantarolado, alcançando seu objetivo enfim, depois de destruir todos que cruzaram seu caminho, a Rainha sobe ao seu trono de vitória, e por lá permanece até ver seu reino entrar em decadência: o reorganizar do tabuleiro, reposicionando as peças, onde novos jogadores se apresentam para dar início a uma nova disputa.

Nenhum comentário:

Postar um comentário