terça-feira, 29 de novembro de 2011

uma verdade inconveniente III - quem tem pecado atire a primeira pérola



"Aquele dentre vós que está sem pecado, seja o primeiro que atire pedra contra ela (...) E endireitando-se Jesus e não vendo ninguém mais do que a mulher, disse-lhe: Mulher, onde estão àqueles teus acusadores? Ninguém te condenou?   E ela disse: Ninguém, Senhor. E disse-lhe Jesus: Nem eu também te condeno." Evangelho de João.
Aos religiosos xiitas que adoram usar a Bíblia como advogado inquisidor sempre que buscam condenar alguém, não há o que interpretar do trecho transcrito acima, senão o que o mesmo possui em sua essência: tolerância, pois ninguém é perfeito, e mais ainda, ninguém é mais ou menos perfeito, nessa ou naquela falha a ponto de condenar ou levar a julgamento seu semelhante.
Qualquer pessoa que use de um ato grosseiro para esfregar na face dos outros seus valores, perde automaticamente qualquer valor que possua, pois como o próprio dicionário explica, são merecimentos, talentos e reputação de uma pessoa.
Sempre que alguém é intolerante antes de buscar entendimento, está fadado a perder essa reputação, visto que a atitude em si denota falta de postura valorosa. Valor não tem qualquer relação com ego. E ele se perde, vence o prazo de validade quando começo um justificacionismo em cima de uma visão deturpada e egóica.
Quem busca uma força maior, busca a força do amor incondicional. Incondicionalidade quer dizer que não há condição, não há estabelecimentos, não há regras, está para além de qualquer forma humana de restrições, ou seja, um amor projetado sobre uma energia pura, que não se prende a amarras e nem repousa sobre qualquer sintoma negativo.
Então, ao invés de sair pregando um Deus intolerante, que pede que apedrejemos, cuspamos, ou mesmo para virarmos a cara para aqueles que não são como nós, calemo-nos para que não fiquemos com uma imagem de tolo, cujos valores são utilizados quando melhor nós convém. Toda fé se perde diante de olhos inquisidores, pois são olhos que enxergam somente um outro ruim, deturpado por uma visão deturpada. Ou em outras palavras, não se pode servir a dois senhores, ou você serve a um Deus Único de Amor Incondicional, ou serve ao seu Ego que julga e condena.
Toda acusação preconceituosa ou intolerante, tem em sua raiz um quê de inveja. Da senhora que desdenha da moçoila com seu vestido curto, e a liberdade com que ela caminha, sem se preocupar ou se ater a essas opiniões, usufruindo daquilo que tem vontade (usar uma micro-peça), ao machista que não consegue amar sequer a si mesmo, e desdenha do casal gay que vive o amor que ele nunca terá, pois a única manifestação de amor que conhece, é o amor que espanca, que blasfema, que critica, que destrói.
Se queremos mudar uma pessoa, ajudemos naquilo que ela realmente precisa de ajuda e não naquilo que queremos que seja mudado, caso contrário, já estamos servindo ao Deus do Ego que pede para que amemos a condição na qual a pessoa se colocará, e não na que ela está.
E se você tem pecados, atire muitas pérolas, quantas puder. Mas atire para cima, para que caiam novamente em sua cabeça, onde cada achado precioso sirva não para apontar para quem quer que seja, mas para apontar para você mesmo.
Assim, quando menos esperar, terá juntado todas as contas e feito um belo e valioso colar, onde cada pérola simboliza a beleza de um ser que absorve a essência da própria vida, sem se perder na inveja pela beleza da vida dos outros.

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