Sou
complicado!
Constatação
eterna a que me nego aceitar ser verdadeira. Mas sim, sou complicado mais que
todo mundo, mais que tudo no mundo, mais que tentativa de conversar com
surdo-mudo sem dominar linguagem de sinais.
E não é um
desabafo, é admitir o que se é, quando se sabe que se é. E claro, na minha
visão da complexidade do meu próprio ser, sou o mais dos mais, o que está acima
de todos, sou o pai da complicação. Por quê?
Não sei, e
se soubesse não seria tão complicado quanto sou. Mas sou, e de tão complicado,
não consigo explicar-me. Ou se tento, me perco na tentativa de entender onde
está a ponta dessa linha embolada e cheia de nós.
E vou
explodir! Sim, sou um homem-bomba prestes a algum atentado contra mim mesmo.
Minha cabeça é uma bomba preta de desenho animado com um pavio longo e
embolado, aceso e que irá queimar até o “boom”.
Vou explodir
a qualquer momento. Corram todos para longe de mim, sou uma ameaça pra
sociedade “normal” e com suas vidas “normais”. Que trabalham e que seguem sua
rotina clichê. Sou a complexidade explosiva do drama em intervalos irregulares.
Sabe meu
nome? Drama. Meu nome é drama. É drama sim e sou complicado por chamar drama de
domingo, drama de segunda, drama do penso, logo complico. Mas meu drama não é
meu, é um drama consequência da complicada maneira de existir na qual estou.
Essa maneira meio homem-bomba acuado, querendo voltar atrás.
Não posso
voltar porque já ascendi o pavio, risquei o fósforo com as mãos trêmulas, quase
deixando a caixinha cair, no momento em que a cabeça do palito pressionava a
superfície áspera da lateral da embalagem. E então ascendi, ascendi para uma
escala evolutiva onde não há como voltar, estou num plano do qual preciso
transpor para o próximo. E a explosão é a maneira de se chegar lá. Não há como
criar um universo novo e em expansão sem uma explosão catastrófica num primeiro
momento.
Não há caos
sem o verbo e não há nada antes do verbo. Tudo está a partir dele, “explodir”,
depois o caos, depois a expansão eterna para a evolução necessária até atingir
o infinito.
E para além
do infinito, quando este não for mais suficiente e não conseguir conter a
eterna expansão. Então será a compressão, e também a compreensão.
Sou
complicado, mas compreendo que não da para não ser assim. Contenho em mim toda complexidade
universal da explosão catastrófica. Mas estou prestes a atingir o infinito, e a
formar um universo próprio composto de milhares de partículas descendentes de
mim.
É como se me
despedaçasse para multiplicar minhas possibilidades particulares em partículas
soltas que atingem distâncias cada vez maiores e jamais imaginadas.
Mas me
preparo para o fim que dará início a um novo eu. Me preparo por entender que, não
cabendo dentro de mim, me dispersarei para cada vez mais longe, para uma
eminente força capaz de impulsionar novas ideias, novas vivências, novos
caminhos.
Meus pedaços
irão para novos mundos e meu pequeno caos se tornará uma força maior que o
universo que hoje parece maior que eu.
Lindo isso, carino.
ResponderExcluirAs palavras do amado Chico, talvez, te encham ainda mais de confiança nessa caminhada de se tornar Universo: "Um papel em branco. Um ano novo. Um recomeço."
Bacci,
Sofia