sábado, 14 de agosto de 2010

Não Vivenciando Vivências

E tem dias em que a vida é assim: você quer demais ir para a “rua”, ver gente, conversar sobre qualquer coisa esperando que o tempo passe.

Conversas não te atraem, você se distrai com a TV muda do bar onde sentou enquanto ouve gargalhadas das mesas ao redor; na verdade você nem as ouve, apenas observa de relance com o canto do olho as bocas se movendo e o corpo que acompanha o ritmo labial manifestando tal alegria com o assunto que você não ouviu.

Às vezes alguma palavra te traz à tona, de volta ao mundo real que não era o mundo que você queria, pois na cabeça, os desejos desenhavam alguma coisa que explodisse em diversão e entretenimento saudável.

Mas ali está você, diante de algumas garrafas de uma cerveja que você não queria, surdo diante dos assuntos, pensamentos indo e vindo de forma incontrolável, porém contida, olhando sem nada enxergar, e em intervalos irregulares – quase como uma auto-defesa do corpo para situações em que você não se encaixa – sai de você um sorriso de canto de boca completamente automático, não obstante e dependendo do grau de distração, um balançar de cabeça confirmando o que foi dito.

E com um esforço sobre humano, daqueles em que você sobe três lances de escada com 15 sacolas de supermercado em cada mão, você começa a arriscar assuntos ridículos, mas capazes de envolver todo o grupo.

O problema em momento algum está nas pessoas do lugar, no lugar, ou em qualquer coisa que compõe essa cena; o problema está em você, ou, melhor dizendo, não há um problema, mas um anseio, um desejo, uma falta que precisa ser semi-preenchida – pois não existe preenchimento total do ser humano .

E não é o fato de na menor parte das vezes saber o que causa essa falta que você é capaz de resolver o problema, visto que nem sempre sanar essas coisas da alma está em suas mãos.

Mas explique isso pra sua própria consciência? Fala pra ela que realmente não há o que fazer!

Você no mínimo ficará com um buraco ainda maior no peito do que antes de exercer qualquer batalha consigo mesmo sobre o melhor caminho ou sobre sua capacidade de ação.

Decepcionado com a falta de resposta do mundo lá fora para o que você foi buscar, inconsolado você retorna para casa, depositando na sua cama todo o conforto de um abraço, esperando que o edredom te envolva e te proporcione um momento de respiro, de carinho, de consolo.

É como se o travesseiro pudesse substituir um colo, mas não um colo, aquele colo especial e único, que faz sua cabeça pairar e esquecer completamente de tudo, a não ser do que acontece ali naquele momento.

E antes que obtenha uma resposta, você adormece profundamente... e sonha, sonha atemporalidades que mesclam anseios com vivências; e sonha... pois o sonho algumas vezes é mais palpável e real do que estar de olhos abertos no intitulado “realidade”.

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