segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Não Conjugue Três Verbos na Mesma Frase

Não há nada tão frustrante quanto se preparar para ir ao cinema ver um filme e quando o mesmo acaba você simplesmente tem vontade de socar o criador do trailer e da sinopse – que aparentemente foram os mais bem pagos da equipe e os únicos que conseguiram tornar aquele monte de imagens em movimento misturadas com palavras em algo atraente.
Porque se fosse pra ficar entediado, a casa da gente num domingo à tarde é sempre uma boa pedida, e se fosse pra jogar dinheiro fora, melhor teria sido com aquela camisa ou calça que NUNCA caberão em você, mas que são lindas o suficiente pra ficarem penduradas no guarda-roupas, onde todo dia de manhã você possa acordar contemplá-las e ter um excelente dia.
Mas a questão maior é que tudo na vida sinaliza ou prenuncia o que te reserva para o futuro, tal qual o filme. Ele começou sem graça, depois ficou chato e tudo isso nos dez primeiros minutos, ou seja, você teve mais do que um sinal divino – sua mente crítica – para que ou cochilasse ou levantasse gentilmente do lugar, procurasse a saída mais próxima e fosse chorar seus reais gastos na entrada com um delicioso e gordo lanche ou alguma coisa nova da qual você não precisa.
Porém, contudo e no entanto, sua mente é muito mais teimosa ou cega – e a minha chega a um ponto tal da teimosia que insiste pra que eu digite que ela além de tudo isso também é burra – fazendo com que você se deixe enganar por uma falsa vontade de que no fim tudo muda ou melhora.
Besteira, filmes ruins durante 119 minutos e com um minuto final de surpresa não existem. E se existem, existem apenas no seu mundinho ou no da sua mente nada crítica que consegue criar expectativas em um longa que começou tosco, terminou sem graça e provavelmente será esquecido por você pouco tempo depois que sair do cinema.
Mas não se preocupe, já dizia a célebre frase motivacional “nada é tão ruim que não possa piorar”, posto isso, constata-se que o filme ser ruim ainda não é o fim, pois se nele existem pessoas que comentam e expressam suas emoções teatrais para chamar mais atenção que o próprio, traga isso pra sua vida e pense em como seu filme sofre incisivas tentativas de mudança, por parte de milhares de diretores metidos a hollywoodianos famosos e que insistem em te tirar do papel principal para que possam se vangloriar de seu roteiro barato.
Penso que uma das grandes verdades nisso tudo é que temos nossa mania de contos de fadas, começando na infância com filmes da Disney – para os não tão antigos – e agora da Pixar e etc. para os mais novos um pouco, que insistem em um final feliz, como se o final fizesse toda a desgraça anterior ter valido a pena.
Que a vida é permeada por todos os gêneros, isso é fato, seja terror, comédia, romance, ação, drama, etc. mas daí achar que todo final será sempre feliz não importa o que aconteça, aí já é um caso clínico de fixação com a ficção.
Uma coisa é viver achando que vou esbarrar com o amor da minha vida dentro de um escritório enquanto nossos papéis voam, nos abaixamos pra pegar e trocamos olhares amorosos, sabendo que trabalho num consultório odontológico – meio ilógico querer isso, mas ainda vale.
Outra completamente diferente é esperar que depois de passar a maior parte do tempo frustrado com relacionamentos, decido sair por aí tentando viver por mim mesmo, experimentar o mundo inteiro lá fora, ou pelo menos em partes, e depois de uma grande experiência eu me volto pra dentro de mim e constato que a vida se resume àquilo que mais me ferrou, ou seja, relacionamentos?  No meu caderninho negro entram três verbos que juntos me deixam em pânico: Comer, Rezar, Amar.
Esse texto era pra ser um curta e foi um longa, então só posso dizer “The End”.

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