sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

O Tempo de Cada Um

Não acho muita graça no meio termo ou no ponto intermediário, denominador comum, centro, em cima do muro, nem pra lá nem pra cá.
Sou adepto das definições – não do 8 ou 80 -, mas dos 9 até 79 – saltando o 36 que é o meio dessa história -, onde você transita de um estado ao outro, tornado perceptível ao olhar alheio, em qual estado de espírito você se encontra.
E não vem com essa de nublado, porque nuvens encobrindo aquilo que vem por aí só tendem a piorar as coisas e não ajuda a perceber se seu eu está pra conversa ou pra matança. É claro que nem sempre um estado surge de repente; às vezes acontece dele ir se modificando aos poucos, aí passa pelo nublado até chover ou do nublado até o sol reaparecer – e por favor não interpretem que chuva é raiva e sol é alegria, ok?.
É bom quando chove, tanto quanto é bom quando faz sol. Assim como é bom fazer muito frio ou muito calor. Pelo menos isso ajuda você a se posicionar durante o dia de forma a permanecer na sua zona de conforto pessoal: se tira o casaco de lã mofado, se coloca o guarda-chuva na mochila, se bebe uma coca-cola com gelo ou se usa aquele sapato mais aberto. Tanto faz, a questão é saber como agir em relação ao outro.
Suas vestimentas são definidas dessa forma. As coleções são feitas dessa maneira e não existe coleção “Entre Primavera e Verão ano tal”. Até mesmo o dia é composto de manhã, tarde e noite, passando do entardecer ao anoitecer e novamente ao amanhecer, ou seja, não há um pré-entardecer, ou uma pós-manhã, elas existem definidas e apenas acontecem naturalmente, assim como nosso estado de espírito.
Ser claro é isso: é saber se mostrar ao mundo de forma que as pessoas entendam esse estado natural que vai de um lado ao outro - não em extremos, porque a extremidade é muito longe e subjetiva - mas nas suas linhas tortas do seu jeito torto, sem que pra isso você tenha que ficar justificando a sua raiva ou a sua alegria.
É como se as pessoas mais próximas pudessem entender de forma clara aquilo que você sente – sem que você precise falar -, e além de entender, absorver em silêncio e sem demonstrar algum egoísmo na forma de manifestar-se, apenas deixando cada um ao seu tempo – nublado, encoberto, chuvoso, nevando, ensolarado.
Todo tempo passa, o do relógio, o divino, o tempo de estudar, de trabalhar, de ser imaturo, de morar com os pais, inclusive o tempo de cada um, mas no relógio subjetivo de cada um. Parafraseando Tati Bernardi “não há tempo mais longo que o tempo do outro”.
Não temos poder sobre o tempo, principalmente esse que é alheio a nós, o desse outro. Logo, não há como influenciá-lo por fatores externos – como querer que alguém seja de tal forma ou caminhe de acordo com o nosso tempo. A única possibilidade é a da espera. E já que quem espera sempre alcança, e esse alcançar não sinaliza positividades ou negatividades, podemos alcançar o que queremos ou o que não queremos, mas alcançaremos se esperarmos.
Então, deixe seu estado de espírito livre pra escolher se definir, ou permanecer no limbo, que não é um meio termo, não é o equilíbrio, mas é um estado onde nada acontece, porque em alguns momentos não é pra acontecer nada. E se os outros não concordam com o clima ao seu redor, então que procurem em “outro” lugar aquela sensação térmica confortável à subjetividade, pois na sua atmosfera, o clima se define de acordo com a rotação do seu mundo.

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