Não acho muita graça no meio termo ou no ponto intermediário, denominador comum, centro, em cima do muro, nem pra lá nem pra cá.
Sou adepto das definições – não do 8 ou 80 -, mas dos 9 até 79 – saltando o 36 que é o meio dessa história -, onde você transita de um estado ao outro, tornado perceptível ao olhar alheio, em qual estado de espírito você se encontra.
E não vem com essa de nublado, porque nuvens encobrindo aquilo que vem por aí só tendem a piorar as coisas e não ajuda a perceber se seu eu está pra conversa ou pra matança. É claro que nem sempre um estado surge de repente; às vezes acontece dele ir se modificando aos poucos, aí passa pelo nublado até chover ou do nublado até o sol reaparecer – e por favor não interpretem que chuva é raiva e sol é alegria, ok?.
É bom quando chove, tanto quanto é bom quando faz sol. Assim como é bom fazer muito frio ou muito calor. Pelo menos isso ajuda você a se posicionar durante o dia de forma a permanecer na sua zona de conforto pessoal: se tira o casaco de lã mofado, se coloca o guarda-chuva na mochila, se bebe uma coca-cola com gelo ou se usa aquele sapato mais aberto. Tanto faz, a questão é saber como agir em relação ao outro.
Suas vestimentas são definidas dessa forma. As coleções são feitas dessa maneira e não existe coleção “Entre Primavera e Verão ano tal”. Até mesmo o dia é composto de manhã, tarde e noite, passando do entardecer ao anoitecer e novamente ao amanhecer, ou seja, não há um pré-entardecer, ou uma pós-manhã, elas existem definidas e apenas acontecem naturalmente, assim como nosso estado de espírito.
Ser claro é isso: é saber se mostrar ao mundo de forma que as pessoas entendam esse estado natural que vai de um lado ao outro - não em extremos, porque a extremidade é muito longe e subjetiva - mas nas suas linhas tortas do seu jeito torto, sem que pra isso você tenha que ficar justificando a sua raiva ou a sua alegria.
É como se as pessoas mais próximas pudessem entender de forma clara aquilo que você sente – sem que você precise falar -, e além de entender, absorver em silêncio e sem demonstrar algum egoísmo na forma de manifestar-se, apenas deixando cada um ao seu tempo – nublado, encoberto, chuvoso, nevando, ensolarado.
Todo tempo passa, o do relógio, o divino, o tempo de estudar, de trabalhar, de ser imaturo, de morar com os pais, inclusive o tempo de cada um, mas no relógio subjetivo de cada um. Parafraseando Tati Bernardi “não há tempo mais longo que o tempo do outro”.
Não temos poder sobre o tempo, principalmente esse que é alheio a nós, o desse outro. Logo, não há como influenciá-lo por fatores externos – como querer que alguém seja de tal forma ou caminhe de acordo com o nosso tempo. A única possibilidade é a da espera. E já que quem espera sempre alcança, e esse alcançar não sinaliza positividades ou negatividades, podemos alcançar o que queremos ou o que não queremos, mas alcançaremos se esperarmos.
Então, deixe seu estado de espírito livre pra escolher se definir, ou permanecer no limbo, que não é um meio termo, não é o equilíbrio, mas é um estado onde nada acontece, porque em alguns momentos não é pra acontecer nada. E se os outros não concordam com o clima ao seu redor, então que procurem em “outro” lugar aquela sensação térmica confortável à subjetividade, pois na sua atmosfera, o clima se define de acordo com a rotação do seu mundo.
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