domingo, 23 de janeiro de 2011

Como Organizar Seu Guarda-Roupas

Olhando meu guarda-roupas do jeito que está, consigo pensar em milhões de coisas às quais ele me faz analogia. Do quanto somos como um armário: alguns embutidos, presos em um lugar para sempre, outros que saem da fábrica e vão pra loja, e da loja para a casa de alguém, e dessa casa para uma outra – à qual foi doado ou vendido por n motivos diferentes -,  bem como das diferenças de constituição: de materiais diversos, formas diversas, tipos de fechaduras, etc..
Cada coisa está em seu lugar – no meu caso – e isso demonstra uma forma de personalidade que é transposta para os objetos pessoais. Mas também está em algumas partes, bastante entulhado, com um excesso de coisas que eu insisto em manter e enfiar de forma bruta para dentro do armário – o meu estado de personalidade de juntar coisas demais.
É engraçado, mas olhá-lo me faz pensar em como o mundo nos direciona para o supérfluo, mas como nossas vidas diárias são direcionadas para o totalmente necessário. Sem espaço para guardar tanta tranqueira ou excessos de coisas, acabamos nos retendo no que é realmente necessário, ou seja, descartamos aquilo que não temos o hábito de usufruir e apenas ficamos com o que gostamos – mesmo com uma certa dó de ter que desfazer daquilo.
Mas nada que uma boa ida à uma loja não torne o objeto descartado em uma lembrança distante cujo nariz torcemos ao responder pra alguém que pergunta: “e aquela jaqueta dessa e dessa forma, nunca mais vi você usá-la, nossa ela é incrível”, ao que responde-se: “estava velha demais e eu precisava de algumas coisas novas, então acabei desfazendo-me dela” (em tom de não preciso dessa pois posso ter uma nova e melhor).
E na verdade, nossa vida é assim, coisas novas e velhas e um armário – nós – onde vamos entupindo de sentimentos, coisas, acontecimentos. Alguns são mais organizados, outros mais desapegados, outros não deixam ninguém sequer olhar dentro de seu armário, enquanto uns terceiros fazem questão de manter todas as portas bem abertas, porque não basta ser, é preciso mostrar o que se é.
Olhar esse armário e pensar: o que está tornando-o tão cheio? Qual é o excesso que pressiona as portas em vias de abrir-se bruscamente e me bombardear de toda a tralha que me ajuda a delinear minha própria personalidade e quem eu sou. Sim nos delineamos por meio do que temos no nosso armário pessoal – se são coisas novas, velhas, tempo em que as mantemos lá dentro sem usar, apenas acumulando pó e mofo.
Às vezes quer-se quebrar esse armário com tudo que tem dentro, reconstruir um do zero, totalmente diferente do antigo, sem nada que direcione a mente para qualquer outra lembrança em relação ao outro. E apenas recolocar cada coisa em um lugar, naquele espaço certo, destinado para aquela coisa específica cujo manual da coisa não explica, mas com seu olhar especial você abriu seu armário pessoal e conseguiu encontrar uma maneira sensata de encaixar mais alguma coisa.
Tudo bem que em certos casos de reconstrução, ao destruir com chutes, socos, marteladas, e quaisquer outros objetos utilizados como arma na tentativa de derrubar esse gigante que ocupa a maior parte do quarto, você provavelmente irá destruir uma meia dúzia das coisas que estavam dentro – quando não o fizer com todas -, no intuito de apagar tudo.E aí é hora de comprar e organizar tudo de novo.
Mas, prefiro a alternativa no meu caso: meu armário foi muito bem construído por pessoas com experiência em móveis planejados e um ótimo conhecimento em madeira. Ele está firme e continua com uma aparência ótima, porém precisa apenas de uma limpeza e um descarte de coisas inúteis. Ganharei espaço para novas coisas e poderei reformular minha personalidade com essa mistura do antigo com o novo. Algumas coisas são imprescindíveis, mas algumas delas são facilmente substituídas, só temos que ser um pouco mais críticos e nos perguntar o porquê mantê-las conosco.

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