sábado, 15 de agosto de 2009

McLanche Infeliz

Imagem_Representação de pessoa ou coisa. Figura ou efígie de um santo, da Virgem ou de Cristo. Semelhança. Representação (no espírito) de uma ideia. Metáfora.
O século XXI entrou como o século das “Imagens meramente ilustrativas”. Estamos diante de uma “boom” de superficialidades visuais, baseadas principalmente no culto ao corpo perfeito, onde as pessoas se vendem como produtos em sites de compras, ou seja, o conteúdo geralmente não é o mesmo que o mostrado na embalagem.
São páginas e páginas da web ocupadas por esses catálogos em que nos deixamos selecionar por características físicas, preferências, gostos, etc.
Tal qual vemos uma substituição dos tradicionais e saudáveis hábitos alimentares [como conseqüência de falta de tempo] pela maléfica “junk food”, vemos também uma substituição dos tradicionais métodos de materialização de relacionamentos, por um tipo de envolvimento baseado em “fast food” [ou “fast fuck”].
Como se cada pessoa tivesse sido fabricada com o intuito de ser vendida, o mundo nos separou em diferentes lanchonetes de redes de comida rápida, resumindo-nos a alguns tipos básicos de sanduíches, ou seja, os letreiros grandes e iluminados ou os cardápios nas mesas da vida dizem exatamente o sabor que cada um deve ter.
Fim dos romantismos, ninguém mais ouve ou faz uma serenata, manda flores, passa horas conversando sobre qualquer coisa. Agora, com o tempo limitado, podemos no máximo nos entregar a uma transa rápida [nem tão boa assim] e pronto.
E com as pessoas com uma fome cada vez maior, e com as campanhas de marketing criando cada vez menos sabores de sanduíches, somos obrigados a trocar nossos temperos e condimentos [se quisermos sair daquela esteira de espera dos hambúrgueres prontos].
Assim, nos encontramos ali, parados, esperando que algum consumidor faminto finalmente nos escolha antes que sejamos descartados, vencidos os 15 minutos de validade.
Toda essa correria por uma “comida” rápida tornou as pessoas inertes aos romantismos e sentimentalidades que outrora demonstravam a beleza interior e o real interesse naquele relacionamento, e que agora parecem brega e fora de moda.
As pessoas insistem em se deixar levar pela pele intacta e imóvel ao tempo, sem fissuras, sem qualquer imperfeição, mesmo sabendo que isso é efêmero.
Tal qual é um lanchinho completo dessas redes, todos se dirigem ao caixa e escolhem o que comer, pegam sua bandeja com uma cara satisfeita e degustam até o final. Após um tempo a fome volta, pois toda artificialidade desses produtos cheios de “conservantes” jamais substituirão uma boa refeição.
Mesmo assim, todo mundo insiste nesse tipo de alimentação, e algumas lanchonetes “ajudam-no” a personalizar seu sanduíche: você escolhe o sabor que você quer [ambiente] e escolhe o número de carnes [pessoas] que quer no seu sanduíche.
Algumas pessoas optam pelo McLanche Feliz, porquê apesar do hambúrguer não ser lá grande coisa, elas pouco se importam pois estão muito mais interessadas no “brinquedinho” que vem com o relacionamento, ou seja, todo o culto à beleza se alia a um culto ao material, às futilidades financeiras e ao status efêmero, do que à fome propriamente dita.
Cansadas de brincar com a mesma coisa, elas voltam até a lanchonete e compram o próximo Mclanche Feliz, para usufruir do novo brinquedo, até enjoar novamente.
Além de tudo o que já foi dito, existem ainda várias promoções com os tradicionais sanduíches, mas com alguma “caixinha” nova, acompanhamentos em edições limitadas, ou mesmo sabores da estação.
As corporações alimentícias, quando vêem as pessoas cansadas das mesmices de suas grandes redes de comida rápida, partem para inovações nos próprios espaços de vendas. Então criam redes que vendem “comida árabe”, “donuts”, “pizzas”, etc. Todas no melhor estilo “compre, coma e vá embora”.
Tudo isso só serve para aumentar a grande cadeia de inutilidades contemporâneas que apenas contribuem para a decadência da humanidade.
PS: os serviços “delivery” já funcionam, com entrega rápida a qualquer lugar. Ligou Chegou!

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