quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Não se Empolgue com Salgadinhos de Pacote

Vomitar_arrojar com esforço pela boca as matérias contidas no estômago. Arrojar, expelir.
Imagine-se no supermercado fazendo compras. Como habitualmente acontece, você pega o carrinho e sai passeando pelo grande espaço iluminado sem aquele entusiasmo, porque isso já faz parte da sua rotina [essa é a sua vida]. Você normalmente faz esse ritual sem uma lista de compras, já que não gosta de coisas tão previsíveis, ou seja, prefere olhar e descobrir o que precisa.
Como resultado você nem sempre pega tudo e acaba esquecendo coisas fundamentais, e normalmente só lembra o que falta quando já está em casa [vazios].
Algumas vezes você se encontra entediado, chateado com alguma coisa ou acelerou um pouco seu próprio ritmo para alcançar alguma meta, está muito apressado e acaba comprando produtos com o prazo de validade vencido [problemas].
Mas como todo mundo, você continua sua tarefa de fazer compras em determinado dia da semana, porque é fundamental para cada um, tudo o que existe no grande templo dos itens variados.
E assim você segue...
Porém, no caminho da casa para o supermercado é que acontecem as coisas realmente relevantes, situações, conversas e “lanchinhos”, que vão se acumulando dentro de você.
Tanta informação contida [poluição sonora de suas vozes em sua própria mente] faz com que você comece a ficar meio tenso. Aos poucos você se lembra de tudo o que aconteceu durante o trajeto – o carrinho de cachorros quentes, os churrasquinhos gregos, churros, algodão doce, etc. Tudo que outrora parecia apetitoso e sedutor se resumiu a um bolo alimentar alojado no estômago, causando uma gastrite terrível.
É preciso vomitar [contar a alguém] toda a comida gordurosa, estragada e suja que você comprou enquanto ia até o supermercado, ou tomar algum medicamento [amigo] que melhore essa dor de estômago.
Na maioria das vezes a gente a ignora e se engana fingindo que não há dor alguma. Até que, chegando ao supermercado, começamos nossa busca rotineira. Mas a gastrite continua ali.
Após algumas voltas [da vida], você olha para uma das prateleiras e nota um pacote diferente, é um salgadinho [amigo] novo. Rapidamente você é atraído e começa a dialogar com o produto para saber informações básicas. Na dúvida se vai gostar ou não, você agarra um pacote e leva com o intuito de experimentá-lo.
Na próxima compra você agarra mais alguns pacotes porque aprovou o sabor. E na próxima, mais alguns. Até que já não espera mais o dia da compra para dividir os melhores momentos com ele. Agora você já o encontra na padaria, no bar, na lanchonete da esquina.
Chega um momento em que ele já faz parte da sua vida de tal maneira que qualquer pessoa que vá à sua casa acaba sendo apresentada a ele.
E a gastrite já não é mais um problema, pois toda vez que você está com dor de estômago ou muito cheio, você enfia o dedo na garganta e vomita tudo, sabendo que o pacote de salgadinhos do novo sabor estará ali para saciar toda sua fome de companhia.
Até que um dia, por um defeito de fabricação do próprio pacote você, ao puxar as abas do plástico surpreende-se ao vê-lo partir ao meio e despejar no espaço ao redor toda aquela porcaria mal-cheirosa que contém, e que você nunca prestou atenção pois estava empolgado demais com o “novo”.
E o conteúdo do pacote nunca antes percebido, revela todos os ingredientes ruins do qual é feito. E as conseqüências de tanta química ruim dentro dele, aos poucos vão se manifestando em você.
E assim como o pacote rasgado ao meio, você se vê partido em dois já que, na empolgação de regurgitar o que estava há muito tempo dentro de você, se entregou a um “hábito alimentar” que mais cedo ou mais tarde só pioraria a situação de dor de estômago que você já tinha.
Aos poucos o tempo passa, você controla a gastrite e volta à velha rotina de compras, até aparecer o próximo sabor de salgadinho...
Todo exagero nunca faz bem. Respeite-se e não se empolgue demais com salgadinhos de pacote, pois, na euforia da fome, somados a um defeito de fabricação [não-percebido] pode deixá-lo numa situação constrangedora.
E o que sobra: você no chão tentando juntar toda sujeira antes que mais pessoas vejam.

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