sexta-feira, 24 de julho de 2009

Prefiro Picolé de Banana a Spray para Ambientes

História real: Certo dia, meu avaliador de monografia [AM] estava passando por um lugar em Belo Horizonte [não recordo onde] e avistou um menino de uns 10 anos de idade, meio choroso, segurando uma mochila, olhando para ela inconformado. Curioso com a cena, AM parou e perguntou:
-Ei, porquê é que você está triste?
-É que minha mãe me deu essa mochila pra eu ir à escola, mas ela é feia, eu não gostei e meus colegas vão rir de mim, disse a criança.
-E onde está sua mãe?
-Ela foi ali resolver umas coisas e pediu que esperasse aqui.
-E porquê é que você não diz a ela que não gostou?
-Porquê ela vai ficar brava comigo e triste e não vai me dar outra mochila...
-E, o que você pretende fazer? Perguntou.
O silêncio tomou o lugar da conversa, o garoto olhou para o lado, fitou algo que prendeu sua atenção por um tempo e então disse:
-Você quer trocar essa mochila comigo?
-Trocar? Quanto você quer? Disse AM.
-Não quero dinheiro, quero trocá-la por picolés. Disse apontando o vendedor logo na esquina.
-Picolés?! Sorriu. -E quantos picolés você quer pela mochila?
O garoto retribui o sorriso: -Todos que puder chupar; disse entusiasmado.
-Mas você sabe que se você trocar sua mochila, quando sua mãe chegar e perguntar onde ela está e você contar que trocou em um monte de picolés, ela vai ficar muito brava.
-Sim, sei, mas quero trocar assim mesmo. Insistiu ele.
AM concordou e então se aproximaram do vendedor. O menino entregou a mochila àquele homem estranho, pediu o primeiro picolé, e à medida que acabava, pedia outro. Ao final, o garoto havia chupado três picolés, pegou mais um e disse:
-Estou satisfeito. Obrigado.
-Por nada. Agradeceu AM, se despediu e cada um tomou seu rumo.

Moral da história: essa história real nos conta muito mais do que a troca literal que se apresenta. Ela narra a coragem do menino em enfrentar seus próprios medos, em rejeitar a sua passividade diante de algo que o incomodava - por medo de uma possível reação negativa de sua mãe - vislumbrando a liberdade de escolha e posteriormente uma liberdade do indivíduo.
Agora pare e pense: quantas coisas nós aceitamos, engolimos quase forçado, fechamos os olhos e fingimos que não existiu, por uma questão de comodismo e costume.
A passividade com a qual vivemos [somos algum porão ou verdadeiros quartinhos de bagunça] torna-nos completamente infelizes, pois anulamos nosso bem-estar e felicidade por medo de recomeçar, de lutar em um novo campo de batalha, mesmo tendo perdido o último confronto [e continuamos ali, naquele lugar destruído pela guerra], já que nos habituamos a pegar as coisas que não servem para nada e, ao invés de jogar fora, juntar em caixas e acumular em um canto.
E assim vamos vivendo: guardando uma “dorzinha” num pacote ali, preservando um falso amigo num plástico bolha meio estourado lá, guardando objetos, coisas e momentos ruins em caixas cada vez maiores. E perdendo cada vez mais nosso espaço. E a cada dia nos sentimos mais sufocados pela poeira, mofo e excessos. E em pouco tempo a luz já não entra, pois a pilha de objetos danificados ou inúteis chegam a uma altura capaz de tapar completamente a única janela da alma [o coração].
Em certos dias, uma ventania forte ou um temporal [para piorar a situação] às vezes forçam a janela e derrubam algumas coisas; essas esbarram em algum encanamento ou fio danificando-os. Resultado: vazamentos, infiltrações, bolor, animais e insetos indesejáveis,ou seja, doenças; ou então algum curto circuito, incêndio ou queda de energia, ou seja, escuridão constante.
Para resolver, às vezes chamamos um técnico de reparos, alguma faxineira e pronto. Consideramos o problema resolvido.
Porém, os dois podem até reparar a fiação queimada, trocar o cano furado, tirar o mofo e poeira e depois borrifar alguns cheiros artificiais desses sprays para ambientes. Mas toda a tranqueira continua acumulada.
“Limpar” não é o mesmo que “dar faxina”. Porque a faxina verdadeira só pode ser realizada por cada um. Ninguém tem permissão para pegar o que te pertence e lançar fora. Isso só depende de você.
Felicidade, essa é a palavra que queremos que tome todo o espaço.
Mudar para ser feliz! Mudar de verdade, começando com uma boa faxina.
Hora de fazer um bazar na vida. Não é pra pegarmos tudo aquilo que está com defeito e colocar à venda [porque isso deveria estar no lixo], mas sim, pegar tudo aquilo que é inútil, que está entulhando nosso porão [momentos, pessoas, lugares, objetos, musicas] e colocar à venda, algo como uma mega liquidação.
Acreditar que a felicidade é para ser vivida e não ignorada e, como o garoto, ter coragem para hierarquizar aquilo que temos em nós e trocar tudo aquilo que nos impede de enxergar e viver o que de mais precioso possuímos.

ATENÇÃO: COMEÇA AGORA UM MEGA BAZAR NA VIDA. COISAS QUE NÃO SERVEM A PREÇO DE PICOLÉ DE BANANA!!! APROVEITEM!

Um comentário:

  1. Adorei, esse texto me lembra um livro do augusto cury... unde ele fala do lixo psicológico. que se transformam em 'buracos negros' na nossa vida. Não entendemos como, ond nem pq, mas eles estão lá, e sugam tudo. Nos transformando em seres com síndrome do pensamento acelerado. Onde os sentimentos e sonhos são esmagados por raciocinios mecanicos, sendo assim fúteis.

    vc eh um tesouro Ivan...bjimmm!!!...sucessooo!!!

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